VASTO CÉU AZUL
Um ensinamento de Pema Chödrön, extraído de uma palestra entitulada "Praticando a Paz em Tempos de Guerra", publicado por Shambala Publications
.... Eu estava entrevistando Dzigar Kongtrul Rinpoche recentemente, e perguntei-lhe: " O Rinpoche está vivendo no Ocidente já há algum tempo, e conhece bem os ocidentais. O que pensa ser o mais importante conselho que poderia dar ao praticante ocidental do Dharma?"
Ele disse: " A coisa mais importante que os praticantes ocidentais do Dharma precisam entender é a não culpabilidade."
Eu disse: "Não culpabilidade?"
Ele disse: "Sim. Você tem que entender que mesmo que faça um monte de erros, e confunda tudo de todas as formas, tudo isso é impermanente, mutante, transitório e temporário. Mas, fundamentalmente, sua mente e coração não são culpados. São inocentes."
Assim a não culpabilidade é muito importante no que respeita à dissolução ou queima das sementes de agressão em nossos próprios corações e mentes. Muitos dos ataques que fazemos aos outros, nesta cultura, vem de nos sentirmos mal conosco mesmos. Isto nos torna tão infelizes e desconfortáveis que desencadeia a tentativa de nos livrar dessses sentimentos. É algo que acontece habitualmente. Se v. for fisgado, e alguém lhe der quatro segundos ou um minuto, e então bater em seu ombro e perguntar como se sente com aquilo, a sensação é ruim , a de que "eu sou mau!", e a agressão é voltada contra v. mesmo. Se lhe derem quatro minutos, e então baterem em seu ombro, a sensação é de " eles estão realmente errados, fizeram isto comigo, é culpa deles que eu esteja nesta situação".
Mas de alguma forma, se neste momento v. fizer uma pausa, e começar a respirar, e deixar a coisa toda se desenrolar e se desembaraçar, e ficar no espaço impermanente e inefável - se v. fizesse isto, de maneira profunda, poderia verificar que a semente de toda essa culpabilidade dirigida aos outros era, na verdade, algum profundo desconforto e agressão acerca de v. mesmo. E se v. for ainda mais a fundo, provavelmente encontrará tristeza.
Eu cito muito este poema de Rick Fields, em que ele diz:
"Atrás da dureza há medo,
E se v. tocar o coração do medo,
encontrará tristeza (que se torna mais e mais suave).
E se tocar a tristeza, encontrará o vasto céu azul."
É isso que estou de fato encorajando: na próxima vez que se sentir fisgado, faça uma pausa e respire, e não atue nem reprima a raiva, mas pense nesta citação, e pense que os que vão fazer a nova e necessária cultura são aqueles que não têm medo de se sentir inseguros. O que quer que sinta naquele momento, pode ser talvez como sentir a queima das sementes que causaram toda a dor neste mundo - é assim que podemos nos sentir.
Eu sempre sinto que de alguma maneira temos que reenquadrar aquela má sensação - para vê-la como um portal para a liberação, uma abertura para o vasto céu azul...
( A teaching by Pema Chödrön - excerpted from a talk entitled "Practicing Peace in Times of War"
published by Shambhala Publications)
Vast blue sky
POSTAGEM: LUZ VIEIRA
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