- Quando a diferença é que soma
Olhe para os dedos de sua mão. Eles são diferentes. Ainda bem. Exatamente por serem diferentes eles são harmoniosos quando vistos em conjunto. Já imaginou se eles fossem todos iguais? Certamente teríamos dificuldade de fazer o que fazemos de maneira tão natural. A humanidade, pode-se dizer, é semelhante a uma mão. Somos diferentes numa família. Somos diferentes numa região. Somos diferentes numa nação. A diferença é inerente, portanto, à natureza humana. Que bom que assim seja. Mesmo óbvio este raciocínio, o homem tem demonstrado ao longo de sua história ser incapaz de reconhecer e conviver pacificamente com o diverso, com o plural. Em função disso, ele tem alimentado as guerras, os movimentos de intolerância de toda sorte, as antipatias gratuitas, os separatismos, o racismo, a exclusão, a intolerância, a discórdia, o seu próprio desequilíbrio, enfim.
O que fazer para reverter este quadro de autoaniquilamento? Praticar a alteridade. Alter... o quê? Alteridade. Significa considerar, valorizar, identificar, dialogar com o outro (alter, em latim). Diz respeito aos relacionamentos tanto entre indivíduos como entre grupos culturais. Na relação alteritária, o modo de pensar e de agir, as experiências particulares, são preservadas e levadas em conta sem que haja sobreposição, assimilação ou destruição.
Eis o desafio: estabelecer uma relação pacífica e construtiva com os diferentes. Um caminho de superação deste embate estaria baseado em três fases: identificar, entender e aprender com o contrário.
Ao se deparar com o diverso deve-se, inicialmente, retirar da mente qualquer "pré-conceito", deixar-se livre para receber o conteúdo do outro sem opinião formada. Em seguida, é necessário procurar entender as razões pelas quais o outro concebe as coisas do seu jeito, desenvolver uma certa capacidade empática para, finalmente, conquistar o aprendizado na relação, ampliando sua capacidade de entendimento e, mais ainda, de convivência fraterna.
A prática da alteridade, nos dias hodiernos, é fundamental diante do ambiente plural, amplificado pela tecnologia da Informação, pela globalização das relações, pelas conquistas democráticas e pela facilidade das comunicações. Imprescindível até pelo clima conflituoso que cresce entre os povos. Martin Luther King dizia que "Ou aprendemos a viver como irmãos, ou vamos morrer juntos como idiotas".
A sabedoria nos ensina que somente haverá crescimento quando lidamos com aqueles que pensam diferente do que a gente, porque eles, de fato, vão ter o que acrescentar no relacionamento. Quantos avanços não têm sido possíveis por causa da convivência solidária entre os divergentes. É necessário compreender, de uma vez por todas, que o tempo da inquisição já passou, embora muitos ainda teimem em querer sempre ressuscitá-lo das mais diversas formas. (...)
O Espiritismo, desde a sua aparição sistematizada no século XIX até hoje, tem sido vítima, sobretudo, da ausência da prática alteritária pelos nossos irmãos de outras filosofias, crenças religiosas e do meio científico. Como exigir, portanto, uma ética alteritária externa se não a exercitamos dentro de nossas fileiras?
Há muito a aprender sobre alteridade nos agrupamentos espíritas, principalmente porque o Espiritismo só poderá influenciar os vários campos do conhecimento humano se conseguir se inserir de maneira harmoniosa junto àqueles que atualmente pensam divergentemente de seus postulados. As idéias espíritas predominarão na Terra um dia pelo alteritarismo de relacionamento e não pelo autoritarismo de comportamento. (...)
Por: Júnio Alves
Fonte: http://institutoesp.blogspot.com/2009/07/pratica-da-alteridade-quando-diferenca.html
http://www.panoramaespirita.com.br/modules/eNoticias/article.php?articleID=92
fonte foto: http://lindaslendas.blogspot.com/2009_09_13_archive.html
MATERIA ENVIADA POR NAIR MENEZES
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