Conheci Marilene Grandesso quando fazia minha formação para Intervisora, em 2009. Com ela estava a Míriam Barreto. Duas pessoas envolventes e afetuosoas.
Compartilhar com elas aqueles momentos foi prazeroso e significativo.
Passei a querer conhecê-las mais de perto e fui atrás de ler alguns artigos assinados por elas. Hoje vou postar um da Marilene para reler, pois esse exercício é sempre bom, encontro em cada releitura um detalhe novo e reflexivo.
Recomendo.
Terapia Comunitária –
Um contexto de fortalecimento de indivíduos, famílias e redes - Marilene Grandesso / 2003
O trabalho como terapeuta e supervisora no atendimento de pessoas carentes de recursos faz parte de minha formação como psicóloga e da minha identidade como a terapeuta e pessoa que sou hoje. Profissionalmente, no campo da clínica social de atenção às pessoas carentes, iniciei na clínica escola da então Faculdades Objetivo há 26 anos atrás, no atendimento à criança num modelo triádico que incluía também seus pais. Diferentemente do que acontece hoje em que boa parte da clientela vem da classe média, naquele tempo a população que procurava as clínicas escolas era de baixíssimo poder aquisitivo, muitos não tendo sequer condições financeiras para se locomover até a clínica. Esta experiência, fundamental para ampliar minha formação acadêmica, foi minha porta de entrada para a Terapia Familiar Sistêmica, na década de 80, o que constituiu uma mudança paradigmática, ditando um novo modelo de atenção aos dilemas e dramas geradores de sofrimento. Embora nestes 28 anos atuando como psicoterapeuta eu tenha sempre me dedicado à prática privada, considero que o trabalho com populações de baixa renda tem sido fundamental para a minha identidade como terapeuta, ampliando minha maneira de olhar, escutar, sentir e agir no fazer terapêutico. O psicologismo de minha formação acadêmica pôde ser ampliado no contato com as famílias carentes, permitindo-me compreender que muitos dos seus problemas e condições de sofrimento decorrem dos contextos de desigualdade social, discriminação e preconceitos, pobreza, e falta de acesso aos recursos disponíveis de atenção à saúde, educação e contextos de promoção do bem estar. Da mesma forma, pude me defrontar com a imensa capacidade de gerar recursos de muitos indivíduos e famílias em condições aviltantes de sofrimento, quase que podendo tirar leite de pedras, permitindo-me acreditar sempre na imensa capacidade do ser humano, dadas as condições de atenção e credibilidade no seu potencial, de se transformar e transformar seu entorno, podendo ser feliz com pouco e seguir sua trajetória de busca de um lugar ao sol e de maior respeito e dignidade.
Contudo, meu encontro com a Terapia Comunitária, nos moldes propostos por Adalberto Barreto, do qual vou falar aqui é recente, de modo que me considero ainda uma aprendiz apaixonada. Desse lugar que me encontro, no contato com as comunidades com as quais tenho trabalhado, descubro, me encanto e me transformo. Eu gostaria de poder colocar em palavras a riqueza e profundidade que tem sido essa experiência no sentido de amplificar minha velha e conhecida crença na possibilidade de criação, construção e transformação do sofrimento em aprendizado e dos recursos que pessoas em condições de extrema precariedade material e intenso sofrimento podem gerar quando seu potencial e suas competências são reconhecidos e legitimados e sua auto-estima fortalecida. Qualquer terapeuta que queira compreender o significado vivencial do que costumamos chamar de resiliência, tem nas comunidades carentes e nos encontros da Terapia Comunitária um contexto por excelência.
A Terapia Comunitária da qual estou falando aqui, trata-se de um modelo proposto por Adalberto Barreto (in press) e denominado Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa. O que apresento a seguir, configura-se não como uma descrição do modelo, mas dos aspectos que, no meu entender, caracterizam o seu diferencial enquanto proposta de atendimento a indivíduos, famílias e comunidades. Sucintamente falando, contudo, trata-se de um modelo que promove a formação de rede social e a troca de experiências entre os participantes. Tendo o sofrimento humano como seu contexto definidor, trabalha no sentido de ressaltar competências, fortalecer a auto-estima e o empoderamento. São muitos os méritos deste modelo, segundo vejo. Dentre eles vou destacar alguns:
Sua simplicidade
A Terapia Comunitária apresenta-se como um modelo estruturado em etapas – Acolhimento / Escolha do Tema / Contextualização / Problematização / Rituais de Agregação e Fechamento / Avaliação. Caracteriza-se como um modelo para o qual pode ser capacitado um amplo universo de pessoas, inclusive líderes comunitários, mesmo não tendo um curso superior na área de saúde.
Contudo, não se trata de um modelo de uso indiscriminado, requerendo capacitação e supervisão. Ser simples não quer dizer ser simplista. Existe todo um embasamento teórico e, especialmente para quem não tem uma prática anterior como terapeuta, requer uma atenção especial para a prática e manejo de grupos. Fazem parte das tarefas do terapeuta, requerendo uma capacitação - a estruturação da sessão no que diz respeito ao controle do tempo, o processo de questionamento, organização das narrativas que vão surgindo no grupo, a proposição de recursos técnicos de aquecimento e descontração do grupo, a re-significação e reformulações das narrativas, o uso de conotações positivas, e as finalizações. Mais que isto, a condução da sessão pressupõe uma sensibilidade para a escuta e atenção a cada um dos participantes e ao grupo como um sistema organizado numa dinâmica particular. A Terapia Comunitária tem como seu cliente a comunidade e isto pressupõe um saber específico de lidar com sistemas amplos. Portanto, pressupõe capacitação e supervisão.
Sua viabilidade em distintos contextos e condições físicas
Este modelo de terapia não requer um contexto especial de salas de terapia tradicionais. Pode ser desenvolvido em qualquer espaço, inclusive aberto como um parque, um clube, uma sala de espera de um ambulatório, uma igreja, uma creche. Num dos grupos aos quais estou ligada, a Terapia Comunitária é conduzida num salão nos fundos de uma igreja onde são feitos os velórios da Comunidade. O mais importante disso é que a Terapia Comunitária pode ser desenvolvida nos lugares em que as pessoas vivem ou freqüentam no seu cotidiano.
Sua aplicabilidade a distintas populações e faixas etárias
Pessoas de diferentes níveis sócio-econômicos e culturais e de diferentes faixas etárias podem fazer parte de um mesmo grupo de terapia. Na Comunidade de Santo Elias em Pirituba São Paulo, temos desde adolescentes até pessoas idosas, pessoas de extrema pobreza com outras de bons recursos, populações de distintos contextos étnicos, pacientes psiquiátricos, dentre outros.
Além do mais, o modelo pode ser aplicado a populações com diferentes perfis. No nosso curso Terapia Comunitária do Núcleo de Família e Comunidade da PUC (acabamos agora nossa primeira turma de 30 alunos), tivemos a formação de espaços de Terapia Comunitária para uma diversidade de populações e espaços: mulheres com depressão; mulheres vítimas de violência; famílias de pacientes psiquiátricos; familiares e/ou cuidadores de pessoas que têm doença de Huntington.; familiares e funcionários de creches; usuários de Centros Comunitários; e famílias de crianças de escolas municipais; grupos de terceira idade; usuários e funcionários de centros de saúde; grupos de obesidade; grupos de casais; grupos de praticantes de meditação; grupos de caseiros de condomínios; agentes comunitários; funcionários de escola; familiares de portadores de deficiência mental; moradores de favelas e bairros populares, dentre outros.
Sua aplicabilidade e efetividade para grandes grupos
A Terapia Comunitária apresenta-se como um modelo terapêutico capaz de atender simultaneamente a um número muito grande de pessoas, configuradas como um grupo aberto. Todos nós que atendemos famílias carentes nas clínicas sociais que oferecem a Terapia Familiar sabemos como a demanda é infinitamente maior do que a nossa capacidade de prestação de serviço. Nos modelos tradicionais de terapia familiar, o número de famílias que conseguimos contemplar é restrito nas nossas clínicas-escolas, resultando numa atenção efetiva para um pequeno número de pessoas e famílias, diante da imensa demanda. Embora efetivo e de grande importância, esse tipo de serviço acaba se apresentando como uma gota d’água num imenso oceano de necessidades.
A Terapia Comunitária, além disso, não depende das mesmas pessoas darem uma continuidade sessão por sessão ao processo terapêutico, o que amplia ainda mais seu alcance e viabilidade. Trata-se de um modelo especial de terapia em que cada sessão caracteriza-se como um ato terapêutico com começo, meio e fim para as pessoas presentes na sessão daquele dia. Por outro lado, se pensarmos que boa parte do grupo pode passar a freqüentar mais ou menos assiduamente as sessões de terapia, podemos considerar também que, para a comunidade, a Terapia Comunitária acaba configurando-se como um processo terapêutico desenvolvido a longo do tempo. Temos percebido que a dinâmica do grupo se transforma – a relação entre as pessoas encaminha-se para uma postura de acolhimento, sensibilidade para a escuta e respeito pelo sofrimento do outro, desenvolvimento de uma atitude generosa de dar e também poder receber, aprendendo uns com os outros, criação de uma atmosfera amorosa de legitimação das diferenças e reconhecimento das competências que todas as pessoas têm. A maior escola para todos nós é a vida, e todos temos um saber de dentro, um conhecimento de terceiro tipo, como diz Shotter (1993). Portanto, a Terapia Comunitária favorece a transformação e mudança não só dos indivíduos e suas famílias, mas também das comunidades que constituem.
Favorecer a manutenção das mudanças pela formação, incentivo e promoção de redes sociais solidárias
Essa é uma dimensão extremamente profunda nos resultados que tenho visto com a prática da Terapia Comunitária. O clima amoroso e respeitoso que vai constituindo o grupo reconhece cada pessoa como ser humano legítimo e digno, valorizando sua cultura, competências e sabedorias desenvolvidas nos seus contextos de vida. Todos nós sabemos que necessitamos do outro para nos reconhecermos como pessoas competentes e interessantes. Construímos nosso self nas relações. Nossas autobiografias são escritas nas comunidades a que pertencemos. Assim, todo ser humano necessita criar vínculos, relações de amizade e de convivência respeitosa onde o humano na sua dimensão afetiva se manifeste. Paulo Freire na sua proposição de uma pedagogia libertadora ressaltava a importância da vivência solidária nas relações sociais.
Como uma configuração em rede não pode ser hierárquica, a Terapia Comunitária favorece o reconhecimento do menos favorecido em qualquer das dimensões possíveis, incluindo a pobreza , a falta de instrução, a deficiência, os distintos credos, etnias e preferências sexuais, todos reconhecidos como iguais no que diz respeito aos seus direitos como cidadãos e seres humanos. Ninguém no grupo é mais que o outro. Ser diferente não quer dizer ser desigual. Portanto, esta é uma terapia a serviço da inclusão social. Duas das regras da Terapia Comunitária cuidam especialmente de manter esse propósito – não é permitido dar conselhos e cada pessoa que fala deve falar da sua própria experiência, usando a primeira pessoa do singular – eu -, não a gente, as pessoas, ou o indefinido. Ninguém sabe o que é melhor para o outro.
Na fase da Problematização, quando o terapeuta propõe um mote, organizando um contexto reflexivo e de participação aberta a todos os presentes, cada experiência compartilhada, da mesma forma que nas equipes reflexivas propostas por Tom Andersen (1997), apresenta-se como ofertas em bandejas. Do que foi compartilhado pelos participantes que se conectaram ao mote, pega quem quer e o que quer, conforme ache que o que foi dito lhe sirva e, metaboliza da forma como deseja e pode. Além disso, nas comunidades mais pobres, temos observado que a maioria das pessoas vem de uma condição de migração, deixando seus contextos de pertencimento e legitimação de seus saberes, podendo ter sua auto-estima recuperada na Terapia Comunitária, devido ao contexto de respeito e reconhecimento do grupo. Além do mais, pessoas que vivem dramas familiares dilacerantes e famílias destruídas pela violência, por exemplo, encontram no grupo uma segunda família. As pessoas cuidam umas das outras.
Um outro aspecto a ressaltar é que a pobreza constitui-se como uma condição social que estigmatiza e desvaloriza, levando as pessoas a colocarem-se em condição de isolamento e ocultamento de sua situação, dificultando o sentimento de pertencimento (Gandesso, 2003). Pertencer a uma condição de pobreza reverte em desqualificação social (Paugan, 1999). Na comunidade de Santo Elias, em Pirituba-SP, numa das ocasiões em que as condições de pobreza foram feitas tema de nossa conversação, ouvimos relatos contundentes das vivências das pessoas discriminadas pela cor ou pela roupa surrada. Nas histórias compartilhadas ser pobre, ser favelado e ser negro significava ser tomado por ladrão, amigo, informante ou cúmplice de ladrão, drogado, anti-higiênico, colocado sob suspeita sem qualquer razão além de estar no lugar errado na hora errada... Portanto, pertencer a uma rede que legitima e valoriza cada pessoa, reconhece suas competências independente de sua origem étnica, aparência, condição social, uma rede solidária que o reconhece pelo nome, em si já cria um contexto de transformação, melhora da auto-estima e resgate da dignidade.
Favorecer o agenciamento e o empoderamento pela criação de um contexto de recuperação da capacidade de alarmar-se e indignar-se diante de sua condição de sofrimento
A dor resultante de um sofrimento crônico para muitas pessoas acaba ficando num contexto de transparência – as pessoas vivem tanto dentro dele que nem mais a sentem. Situações aviltantes de existência ficam naturalizadas e banalizadas como se a vida fosse assim mesmo, sustentadas pela crença subjacente de que nada se pode fazer. No contexto da Terapia Comunitária, contudo, muitos só reconhecem seus problemas como problemas, quando escutam outras pessoas se alarmando e se indignando diante de situações parecidas consideradas para elas como problemas para os quais buscam soluções. A escuta do outro favorece uma condição que Adalberto costuma ressaltar “só se reconhece o que já se conhece”. O sofrimento do outro provoca eco e ressonâncias naquele que sofre de dores semelhantes e vive em condições de anestesia. Só nos colocamos espontaneamente em movimento se desejamos sair do nosso lugar e podemos vislumbrar caminhos possíveis.
Da mesma forma, ao ouvir as estratégias de enfrentamento que o outro utiliza diante de situações parecidas, ou muitas vezes consideradas pela pessoa como piores que as suas, cada um pode reconhecer as suas próprias competências e recursos, muitas vezes nem percebidos como tal. Olhar para a própria experiência de forma reflexiva permite transformar parte do vivido em ferramentas para determinados fins, disponíveis para uso deliberado, consciente e responsável. Assim, a Terapia Comunitária favorece a autonomia ao criar um contexto reflexivo de reconhecimento de competências, instrumentando cada pessoa a tomar seu destino nas suas próprias mãos.
Levar a comunidade à terapia
Para terminar, gostaria de ressaltar dois outros aspectos que considero diferenciais deste modelo de terapia. Um deles, aparentemente óbvio e sutil, é que a Terapia Comunitária não se define apenas como uma terapia do indivíduo num contexto da comunidade, mas também e, principalmente, como um contexto de terapia para uma comunidade a partir de problema do indivíduo.
Nesse sentido, o sucesso da sessão como um contexto gerador de mudanças, depende em grande parte, no meu entender, do mote escolhido pelo terapeuta com o qual cada participante da comunidade vai se conectar e refletir sobre suas experiências, rever seus problemas, identificar seus recursos e competências e compartilhar suas vivências num grande momento de troca respeitosa. O mote consiste num tema derivado da contextualização do problema escolhido pelo grupo para ser trabalhado naquela sessão de Terapia Comunitária. Essa é uma função do terapeuta e depende de sua sensibilidade para escuta do grupo quando da justificativa da escolha do problema a ser trabalhado, dentre os muitos trazidos pelos participantes do dia. Se o mote não for mobilizador, as pessoas não se conectam.
Promover o desenvolvimento de resiliência
Um último aspecto a considerar é que a Terapia Comunitária não é um contexto para resolver problemas, mas para desenvolver a resiliência. A resiliência está sendo compreendida aqui como aquela capacidade de transformar sofrimento em aprendizado, em transformar os desafios em contextos de crescimento e desenvolvimento de autonomia. Temos ouvido, freqüentemente, as pessoas dizerem – “Os problemas lá em casa continuam os mesmos, mas eu não sou mais a mesma pessoa. Minha vida mudou”. Esse aspecto, embora sutil, pode parecer estranho para alguns e muito óbvio para outros. Comunidades carentes pedem por soluções concretas para seus problemas. Isto tem levado muitas prestações de serviço à comunidade a desenvolverem um trabalho de cunho assistencialista, mobilizados pelas tentativas de melhora da qualidade de vida das pessoas. No entanto, a grande mudança para os indivíduos, no meu entender, é a libertação de seu self da tirania dos problemas, que oprimem, reprimem e encolhem as pessoas, restringindo sua crença na vida e na possibilidade de seu amanhã ser de fato um novo dia em que seu valor e sua dignidade possam ser reconhecidos.
“É na minha disponibilidade permanente à vida que me entrego de corpo inteiro, pensar crítico, emoção, curiosidade, desejo, que vou aprendendo a ser eu mesmo em minha relação com o contrário de mim. E quanto mais me dou à experiência de lidar sem medo, sem preconceito, com as diferenças, tanto melhor me conheço e construo meu perfil”. Paulo Freire, 1996: 152.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSEN, T. (1997). Processos reflexivos. Rio de Janeiro: Noos/ITF
BARRETO, A. (in press). Terapia comunitária passo a passo.
FREIRE. P. (1996). Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
GRANDESSO, M. A. (2003). Família e comunidade: textos e contextos de pertencimento. Palestra apresentada no I Encontro de Ex-alunos do NUFAC – Núcleo de Família e Comunidade da PUC-SP em São Paulo em abril de 2003.
PAUGAN, S. (1999). O enfraquecimento e a ruptura dos vínculos sociais – uma dimensão essencial do processo de desqualificação social. In B. SAWAIA (2002). as artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Vozes, 4ª Edição.
SHOTTER, J. (1993). Cultural politics of everyday life: social constructionism, rethoric, and knowing of the third kind. Buckinghan: Open University Press.
Que delícia esta o blog...
ResponderExcluire só para variar não poderia perder e deixar de participar desde momento com o Paranoarte, que tenho tanto carinho e com essa pessoa linda q é você, Helenice!
Vamos trocar muitas figurinhas, como sempre!
bjo no coração, e muito sucesso sempre, você merece!!!!!!!